A medida que a idade vai avançando, podemos contar com algo muito importante, a experiência. Vamos vendo e vivenciando muitas situações parecidas, em alguns casos até idênticas, mas com algumas vantagens. Existe um objeto que nos acompanha a vida inteira, o espelho.
Os primeiros contatos são sempre muito engraçados. Ficamos imaginando o que é que está acontecendo, geralmente confusos por ver outra pessoa ali tão perto fazendo as mesmas coisas que nós. Geralmente estamos no colo de alguém: painho, mainha, voinha, voinho… Começamos a entender que tem algo de diferente quando vemos duas vezes a pessoa que está nos segurando.
Quando “começamos a ser gente” e já começamos a nos perguntar, imaginamos um mundo que tem por trás da parede, o que existe dentro do espelho? Nessa criativa fase das indagações estamos apreensivos por conhecimento. Cada novidade é um tesouro que guardamos como deve ser guardado, “tudo e todos são únicos e especiais”.
Com o passar do tempo começamos a ter as nossas certezas, 1+1=2 e eu gosto de comer feijão com arroz. Passamos por uma fase inteira de novas descobertas. Enquanto começamos a descobrir o nosso próprio corpo, o espelho é um aliado inseparável. Juntos começamos a ter aquele relacionamento de amor e ódio quando começamos a ver novidades indesejadas e quando vemos novidades interessantes.
Em algum momento da nossa vida ele começa a ser “esquecido”, passa a ser mais um objeto. Usado apenas quando necessário para nos prepararmos para o mundo. Pentear cabelo, ajeitar a roupa, escovar os dentes. Nos vemos sempre com pressa para dali ir para outro lugar.
Onde estamos na nossa relação com o espelho? Quantos espelhos passam pela nossa vida? O que nós víamos no espelho nos agradou? E o que veremos, irá nos agradar? São tantas perguntas. Muitas poderão ficar sem resposta. Porque no final das contas depois de uma fatia de pizza é somente um espelho.
Fotografia: Alina Miroshnichenko
@chemrain